domingo, 10 de abril de 2011

O embrulho

Certa vez eu, josé da silva, funcionário público, solteiro e endividado, caminhava para enganar a fome e a vontade de fumar. Há um bom tempo não tenho dinheiro para estes dois vícios. Já larguei muitas coisas na vida: mulher, emprego, filhos, etc. Seriam apenas mais duas na minha contabilidade cotidiana, sempre em défice.
Pois bem, estava eu flanando com todas essas coisa girando em volta da cabeça quando me deparei na rua com um embrulho. Logo pensei que os meus problemas acabariam. Se houvesse grana naquele pacote, poderia usá-la para pagar dívidas, dar um jeito na pensão atrasada dos meninos, comprar uns maços de cigarros e comida (para o inferno as vontades).
Fiquei nervoso. A mudança estava empacotada na minha frente. Olhei para ambos os lados. Alguém igualmente pode tê-lo visto. Um policial fixamente me olhava. Tensão. Ele se aproxima. O tempo escorre devagar. Então, pergunta-me se estava passando bem e se aquele envelope era meu. O que dizer? Sim e não. Por fim, saí correndo dali.
Foi ontem. No pacote não havia nada. (Sim e não). Mas pôs em movimento minha imaginação. Os sonhos nos movem adiante, mesmo presos em uma realidade cheia de vícios e escassez. É a escrita que estava dentro do envelope, empacotada, esperando que alguém tenha a coragem, leve-a para casa e a desembrulhe.

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